Angola não conseguiu vender 10,4% do crude previsto para entrega em Maio

Terminou na quarta-feira o prazo dos contratos com os navios petroleiros para venda de carregamentos de crude para entrega em Maio. O excesso de oferta forçou também o País a atrasar a definição do número de carregamentos para entrega em Junho. Devia ter sido entregue a 17 de Abril.

Angola não conseguiu vender 5 dos 48 carregamentos de petróleo que disponibilizou ao mercado para entrega em Maio. De acordo com traders, ou seja comerciantes, foi necessário recorrer a descontos de até 6% face ao preço do índice Brent, referência das exportações angolanas, para conseguir “despachar” a mesma quantidade de crude disponibilizada ao mercado para entrega em Abril, 43 carregamentos.

Após o inicio da guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia, que terminou há duas semanas com o acordo entre os 22 países que fazem parte da OPEP+, e prevendo a quebra de preços que estava para vir, as operadoras petrolíferas, entre as quais a Sonangol, decidiram aumentar as exportações de petróleo para entrega em Maio.

Uma estratégia que visava compensar os valores que se perdem com a baixa de preços com o aumento das quantidades vendidas. Para o efeito foi accionado o maior programa de carregamentos efectuado pelo país desde Agosto último, data em que disponibilizou 49 carregamentos. Acabou não resultar porque em todo o mundo a capacidade de armazenamento está no limite, não há aumento significativo do consumo, apesar da China estar a retomar a sua produção industrial de forma lenta.

Para se entender a situação, na semana passada cerca de 45% das cargas de Maio ainda estavam em oferta, um volume considerável para aquela etapa no ciclo de negociação mensal, ou seja, normalmente quando falta uma semana para encerrar o ciclo de negociações permanecem apenas 20%. E, ainda assim, ficaram por vender 10,4% da “oferta angolana”.

Acrescente-se que no dia 14 de Abril a petrolífera estatal Sonangol ainda estava à procura de vender as suas cargas das ramas CLOV e Dalia de carregamento de Maio, muito valorizadas nos mercados internacionais e com grande procura, sendo ambas oferecidas 5 USD abaixo do preço do Brent para entrega no referido mês.

Enquanto isso no inicio desta semana, de acordo com a Agência Reuters, a ENI vendeu uma carga da Rama Cabinda depois de oferecer cada barril a 6 USD abaixo do preço do Brent datado, disseram os comerciantes, especificando que a BP era o comprador, embora isso não pudesse ser confirmado em termos oficiais.

Texto: Expansão
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