FAF – Artur de Almeida quebra silêncio com revelações

Em silêncio durante um ano, depois da participação dos Palancas Negras na Taça de África das Nações (CAN), no Egipto, o presidente cessante da Federação Angolana de Futebol (FAF), Artur de Almeida e Silva, volta a marcar presença na Comunicação Social.

Provavelmente recuperado dos problemas de saúde evocados como impedimento da realização da prometida conferência de imprensa, para esclarecer os acontecimentos que ditaram a saída de sérvio Srdjan Vasiljevic do comando da Selecção Nacional, o líder do organismo federativo apontou o dedo acusador a membros do Conselho Técnico Desportivo (CTD), quinta-feira, em entrevista à Rádio Cinco.

“Se um departamento tão importante como é o Conselho Técnico tinha apenas dois funcionários que podiam fazer a inscrição de atletas, a nível nacional, como é possível uma liderança, ao longo desses anos todos, não consegue formar quadros à altura para o departamento não estar dependente? Alguma coisa está errada”, disse.

Sempre ao ataque, Artur de Almeida falou das oportunidades dadas para as pessoas se converterem.

“Quando apercebemos que não há conversa, naturalmente temos de mudar. Temos intenção de implementarmos o FIFA Connected, que é o sistema que a FIFA nos dá free (livre/grátis). A formação já foi feita. Há funcionários que foram tendo. O próprio Jeremias teve formação sobre isso, mas nunca se implementou ao longo desses anos”, sublinhou.

Arrumar a casa

De acordo com o dirigente, o Conselho Técnico está a preparar a formação de quadros, quer a nível dos clubes quer a nível das associações provinciais. Um processo que vai começar agora, por ser possível fazer por vídeo conferência.

“É preciso perceber que o Conselho Técnico é a área que faz com que a Federação arrecade verbas também. Quer com os licenciamentos quer com os contratos de jogadores. Infelizmente não conseguíamos ter o controlo desse processo de entrada de verbas. Elas não passam totalmente pelo Conselho Técnico. O que quero dizer é que o Conselho Técnico processa toda a documentação, que depois vai dar origem a que essas verbas entrem. Ok? Se esses processos não forem naturalmente tramitados, de forma a que as verbas sejam contabilizadas e entregues à área financeira para cobrança, naturalmente a área financeira não tem como cobrar”, detalhou.

Rigor contabilístico

A falta de controlo do fluxo financeiro resultante das inscrições dos jogadores e dos contratos foi outra preocupação levantada pelo número um da FAF. “O jogador tem um contrato a nível do clube, com uma verba superior, e os contratos que entravam para a Federação, por vezes a verba não corresponde aquilo que é o real contrato que o jogador tem. É sempre inferior. Temos de ter a coragem de tomar decisões. Na devida altura achei que devia tomar essa decisão. Porque é momento de mudar”.

Em relação aos propalados apoios com vista a mitigar os efeitos da pandemia no futebol mundial, Artur de Almeida negou a recepção de qualquer verba.

“Nos últimos meses não recebemos nada. Algumas dessas federações não estiveram dentro do bloqueio em que a Federação Angolana esteve, vão recebendo verbas normais, para o programa que têm com a FIFA e, em função de já terem essas verbas, acharam por bem desviar parte para a Covid. Apoiar algum clube ou associação local. Elas também não receberam verba alguma da FIFA para esse efeito. Poderão vir a receber agora, como também vamos receber, em função dessa deliberação do Comité Permanente da FIFA”.

Presidente deve consultar um especialista em psiquiatria

Afastado dos quadros da FAF, Adão Simão, membro do CTD há duas décadas, lançou um apelo a Artur de Almeida:

“Peço ao presidente da Federação Angolana de Futebol que faça uma consulta com um especialista em Psicologia e Psiquiatria, porque somos adultos e uma das coisas que deve pautar a nossa vida, é essa educação que recebi dos meus pais, é respeitar, tratar com cordialidade e dignidade as pessoas. Lamento bastante essas declarações. Sei que estamos em vésperas de campanha e do ponto de vista de algumas pessoas tudo vale. Mas não é essa a minha forma de ser e de estar. A minha vida pautou-se sempre pela hombridade, respeito e camaradagem”, disse.

Por seu lado, Jeremias Simão, recém-exonerado da presidência do órgão visado pelo cabeça do elenco directivo, colou o foco no campo do Direito.

“Já contactei a minha parte legal, para se pronunciar sobre isso. Vamos dar um outro destino, do ponto de vista legal, em relação a essa acusação, porquanto o Conselho Técnico não recebe dinheiro. Nem no tempo em que o actual secretário-geral foi o presidente do conselho, nem no tempo do professor Nando Jordão. O Conselho Técnico recebe os borderaux dos depósitos efectuados na conta bancária da Federação e leva para a tesouraria, que emite um recibo feito em triplicado”, sustentou.

Jornal de Angola
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