A Fortaleza de São Miguel não mais vai poder ser classificada como património cultural da humanidade, tal como consta nos registos da Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (UNESCO). Esta posição foi manifestada pela arquitecta Ângela Mingas, professora da Universidade Lusíada de Angola, ao jornal Vanguarda
Trata-se de uma situação que decorre da construção de edifícios como o Shopping Fortaleza no entorno da Fortaleza de São Miguel, imóvel centenário que alberga o Museu das Forças Armadas Angolanas.
Tudo que acontece no chamado Morro de São Miguel, alerta a académica, entra em conflito com a paisagem da fortaleza, naturalmente, provocando a erosão do valor deste património histórico da cidade de Luanda. Diz ser uma consequência da má gestão do território e espaço público, um erro consciente assente numa lógica financeira e de mercado.
Fundadora da Escola de Arquitectura da Universidade Lusíadas de Angola e doutora em Planeamento Urbano, Ângela Mingas diz não perceber que o Porto de Luanda de onde saíram milhões de homens e crianças para o Brasil, EUA, Cuba, não tem um único monumento que honra a memória dessas pessoas.
É uma realidade, sublinha Mingas, devidamente tratada em paises como o Gana, Senegal. E Luanda, cidade com muito mais importância do que qualquer outra na costa africana relacionada a este tema, não tenha nada que coloque em evidência a memória deste período lúgubre.
Povo
Governação mercantil e inculta. Não podemos ignorar que fomos colonizados. Faz parte da nossa história. Angola não começou a sua história em 1975