Governo de Cuba anuncia campanha em defesa da libertação de Lula da Silva

Os atos de solidariedade pela libertação imediata de Luiz Inácio Lula da Silva vão durar até 28 de outubro, um dia após o aniversário de 74 anos do antigo chefe de Estado brasileiro, descrito pelo jornal Granma como um “grande amigo” de Havana, e que está preso desde abril de 2018 por crimes de corrupção.

Em setembro, o Governo cubano também promoveu uma campanha de adesão em solidariedade à Venezuela – o principal aliado político e económico da ilha nas Américas e Caribe – para apoiar o Presidente Nicolás Maduro “diante das agressões americanas”.

Como nessa ocasião, as assinaturas serão recolhidas “de forma coletiva, que incluirá nomes e sobrenomes, número do bilhete de identidade e rubrica de cada um dos signatários, a fim de repudiar essa injustiça e participar da campanha internacional de anulação dos processos contra Lula da Silva”, relatou o jornal oficial do Governo cubano.

Segundo o órgão do Partido Comunista de Cuba, a campanha servirá para condenar “a estratégia do imperialismo, com a cumplicidade do direito regional, de desacreditar líderes progressistas”.

Os signatários também rejeitarão as declarações do atual Presidente brasileiro contra os médicos cubanos que trabalharam no Brasil e regressaram à ilha no ano passado, por decisão de Havana, depois de Jair Bolsonaro lhes ter chamado “escravos de uma ditadura”.

Os formulários serão entregues à delegação brasileira que participará da Reunião Anti-Imperialista de Solidariedade pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, que decorre de 01 a 03 de novembro, em Havana.

Brasil e Cuba fortaleceram o seu relacionamento durante os mandatos de Lula da Silva (2003-2010) e da sua herdeira política, Dilma Rousseff (2011-2016), a quem o país caribenho reiterou seu apoio em inúmeras ocasiões diante das acusações de corrupção.

O jornal Granma lembrou um fragmento do discurso do ex-Presidente cubano Raúl Castro, em 01 de janeiro, durante a celebração dos 60 anos da Revolução Cubana, quando o líder fez um “apelo a todas as forças políticas honestas do planeta” pela libertação de Lula da Silva, que atualmente cumpre em regime fechado uma pena de oito anos e 10 meses de prisão.

Essa sanção foi ratificada em três instâncias diferentes da justiça brasileira, nas quais o antigo chefe de Estado do Brasil foi considerado culpado da prática dos crimes de corrupção e branqueamento de capitais, por ter alegadamente recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo, em troca de favores políticos à construtora OAS.

Sobre Lula da Silva já pesa outra sentença de 12 anos e 11 meses de prisão, num caso muito semelhante sobre a posse de uma quinta na cidade de Atibaia, no interior do estado de São Paulo, mas até ao momento a pena não foi confirmada pelos tribunais de recurso do país.

O antigo Presidente brasileiro tem outros processos abertos na Justiça, também por questões relacionadas com corrupção, mas se declara inocente e afirma ser vítima de uma perseguição judicial que visa evitar o seu retorno ao poder.

By / Lusa
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