Mbalax e outras sonoridades da Africa Ocidental com Jazz

Mais uma vez o Centro Cultural Brasil Angola, recebeu a guitarrista germano-americana, Leni Stern para uma apresentação em Luanda. Diferente do concerto do ano passado onde apresentou-se em trio, com os senegaleses Mamadou Ba (baixo) e Alioune Faye (percussão e voz) no concerto desta terça-feira, 8 de Outubro, o formato quarteto teve a participação do pianista argentino, como principal reforço, assim como o percussionista cubano, Yasmane Santos que juntou-se na parte final do concerto

O evento que resultou da parceria da Alliance Française de Luanda e Poola M’Boombu superou as expectativas. Ao longo de cerca de uma hora e meia Leni Stern demonstrou o seu potencial como guitarrista e executante do ngomi, instrumento de corda da África ocidental num concerto onde as fusões rítmicas marcaram a noite, como ficou provado no cruzamento entre o Mbalax, Affrobeat com o Jazz, Blues e elementos de Rock.

Leo Genovese trouxe à Luanda não só a sua capacidade técnica como o virtuosismo que o colocou no meio dos senhores do Jazz contemporâneo. O pianista argentino foi considerado o homem da noite. Mamadou Ba o baixista em serviço também esteve em destaque assim como o percussionista Alioune Faye sempre inspirado transportando a alma dos gritos. Dentre, os temas que Leni Stern apresentou, realce para uma composição dedicada à cidade de Luanda, fruto da sua experiencia do ano passado e da presença de Yasmane Santos, nos bongós. Também cantou, “Soledad” de Pablo Milanés, uma referência da Nueva Trova cubana. Foi interessante o diálogo entre os percussionistas

 Leni Stern com mais de 25 anos de carreira é uma multipremiada guitarrista como atesta a sua galeria de prémios: cinco vezes vencedora do “Gibson Guitar Fenale Jazz Guitarrist of Year”, está entre as 50 guitarristas mais sensacionais pelo “Guitar Player Magazine” e música do ano no “International Songwriter Competition. A cantora guitarrista depois de afirmar-se no Jazz optou por pesquisar outras sonoridades e encontrou a raiz dos sons americanos na música da África Ocidental. Tem um álbum inovador “África” (2007) inspirado por nova conexão com o Mali. Seus cinco álbuns seguintes têm a destacar este respeito e incorporou um novo som com Ngoni, banjo tradicional de Africa Ocidental, que aprendeu a tocar com o renomado Bassekou Kouyate. Com Mamadou Ba e Alioune Faye que residem em Nova York gravouseu álbum “Jelell” (2013), com a participação especial do grupo de percussão Sabar da família Faye.

O pianista Leo Genovese é dono de uma técnica apurada e virtuosa. Ele já gravou com nomes reconhecidos mundialmente como Herbie Hankock, Esperança Spalding, Hal Crook, George Garzone e Joe Lovano. Natural do interior da Argentina, ele reside nos EUA há mais de dez anos, tendo estudado na renomada escola de jazz, Berklee College of Music, em Boston. Outros elementos que foram responsáveis pelo sucesso desta viagem musical, de géneros musicais como o Jazz, Blues, Rock, Funk e outros do mundo musical afro-americano, o baixista Mamadou Ba e do virtuosismo do percussionista “El Hadji” Alioune Faya.

Alioune Faye é um renomado percussionista senegalês que reside em Nova York, onde lidera o Yakar Rhythms, toca sabar, tama e djembe. Trabalhou com Steve Wonder, Peter Gabriel e muitos outros artistas, mas ainda miúdo lançou-se ao mundo com Youssour Ndour. Vem de uma familia de griots e de percussionistas. Mamadou Ba baixista que iniciou com o irmão no Keurgui apresentando-se na África Ocidental e na Europa em parceria com vários artistas é membro-fundador do “African Blue Note Band” uma banda de artistas africanos que nos anos 90 animavam clubes nova-yorkinos. Trabalhou com Angelique Kidjo, Richard Bona, Ismael Lo, Harry Belafonte, o saxofonista americano Archie Shepp, Malika Zarra, Mino Cinelu, Kiran Ahulawalia, Regina Carter, Barrio Boys, Lionel Loueke e outros nomes.

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