Secretário-geral do Grupo ACP condena uso da força na Guiné-Bissau

O novo secretário-geral do Grupo África, Caraíbas e Pacífico (ACP), o angolano Georges Chikoti, diz que a comunidade internacional não apoiará alguém que tome o poder pela força e apela à estabilidade na Guiné-Bissau.

Primeiro lusófono a liderar o Grupo África, Caraíbas e Pa-cífico, que congrega 79 países, Georges Chikoti defende uma maior intervenção de instituições como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Africana para ajudar a resolver a crise política na Guiné-Bissau.

Em entrevista à DW África, Chikoti, que assumiu o cargo segunda-feira, diz ser “necessária uma presença militar da região para criar condições de estabilidade” no país e que vai dialogar com as organizações africanas “para que elas possam levar essa questão de maneira muito séria”.

“ É bastante preocupante a situação da Guiné-Bissau”, disse Georges Chikoti, sublinhando que falou com a CPLP e que pretende escrever “para a União Africana e para a CE-DEAO para que elas possam levar a questão de maneira muito séria”.

“Quem deve intervir, em princípio, no caso da Guiné-Bissau, é a CEDEAO ou a União Africana”, disse, para acrescentar que os países da CPLP têm “alguma limitação”, por se tratar de uma comunidade dos Estados e não ter vocação política de intervir.

O secretário-geral do Grupo ACP defende, primeiro, uma presença militar da região para criar condições de estabilidade no país. Em segundo lugar, disse Chikoti, é necessário ajudar para que os processos eleitorais na Guiné-Bissau sejam estáveis, transparentes e justos, para que todos possam participar bem colectivamente.

“Não se pode aceitar que alguém açambarque o poder com a força das armas e a prender os outros”, disse, reconhecendo que a CEDEAO to-

mou uma posição que parece ser boa. “Acho que a União Africana deveria segui-la e condenar todo o uso da força e fazer com que o processo político retome, mas na transparência e na justiça”.

Aposta nas parcerias

Na tomada de posse, em Bruxelas, Georges Chikoti disse que vai trabalhar para finalizar o novo acordo de parceria ACP-UE em curso, que poderá ser concluído até ao final do ano. O aprofundamento da parceria com a União Europeia é fundamental para a mudança internacional do grupo de Estados ACP.

O diplomata falou, ainda, em novas parcerias estratégicas externas com países e organizações internacionais, continentais e regionais. Antes, manifestou-se honrado pela confiança para liderar a organização nos próximos cinco anos. “O Grupo tem desafios que têm a ver com o desenvolvimento sustentável, luta contra a pobreza e, na base de acordos que normalmente assinamos com a União Europeia”, reconheceu, para acrescentar que a visibilidade é um dos maiores desafios do momento.

O secretário de Estado das Relações Exteriores, Téte António, que testemunhou o acto de posse transmitiu, em nome do Presidente da República, João Lourenço, os agradecimentos do Governo de Angola a todos os Estados-membros pela confiança depositada no novo secretário-geral do Grupo de Estados ACP.

Segundo o secretário de Estado Téte António, a missão do Embaixador Georges Chikoti é sem dúvida de natureza nobre mas complexa pois terá a tarefa de transformar o grupo em organização de estados ACP com maior visibilidade, influente e plenamente engajada no multilateralismo, mantendo o carácter tricontinental. O ministro dos negócios Estrangeiros de Cabo Verde, Luis Tavares, enalteceu as qualidades do embaixador Geor-ges Chikoti, como um político experiente e à altura dos desafios do grupo.

Texto: Jornal de Angola
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