UNESCO pede mobilização para combater negacionismo do Holocausto

Num comunicado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) adianta que o apelo será feito hoje numa cerimónia organizada com a ONU, em parceria com a Associação Internacional de Recordação do Holocausto (IRHA, na sigla em inglês).

O ato contará com a participação do secretário-geral da ONU, António Guterres, e da chanceler alemã, Angela Merkel, bem como da diretora-geral da UNESCO; Audrey Azoulay.

A UNESCO, o Congresso Judaico Mundial (WJC, na sigla em inglês) e a rede social Facebook têm colaborado para garantir que a negação, distorção e desinformação sobre o Holocausto não são espalhados pelas redes sociais, lê-se no comunicado.

A partir de hoje, o Facebook vai redirecionar as pesquisas dos seus utilizadores na procura de termos associados ao Holocausto, negação ou distorção para o endereço eletrónico www.aboutholocaust.org, fora da própria rede social.

Promovido pelo WJC e pela UNESCO, o portal na Internet apresenta os factos históricos corretos sobre o Holocausto.

A iniciativa segue-se ao anúncio do Facebook feito em outubro de 2020 de que a negação do Holocausto seria proibida em todas as suas plataformas e reflete um compromisso conjunto das três organizações para combater o antissemitismo e a negação do Holocausto, que tem aumentado nos últimos anos, sobretudo nas redes sociais.

“Transmitir a história do Holocausto é a chave para combater o negacionismo e as teorias da conspiração existentes”, afirmou a francesa Audrey Azoulay, diretora-geral da agência da ONU.

“É a chave para ajudar as pessoas a adquirir as habilidades necessárias para rejeitar o antissemitismo, o racismo e o ódio e para desafiar aqueles que procuram explorar a ignorância. Devemos unir forças para compartilhar informações factuais e confiáveis nas plataformas das redes sociais. Esta parceria marca um passo muito significativo na direção certa”, acrescentou.

Por seu lado, o presidente do WJC, Ron Lauder, manifestou-se “profundamente grato” por trabalhar na iniciativa em conjunto com a UNESCO e com o Facebook.

“Estamos profundamente gratos por, sobretudo, os 2.700 milhões de utilizadores do Facebook terem acesso a dados corretos e a informação facilmente compreensível sobre o Holocausto. Ligar os utilizadores do Facebook ao ‘AboutHolocaust.org’ vai contribuir imenso para promover a tolerância e a empatia como antídoto para o ressurgimento do antissemitismo, xenofobia intolerância e ódio”, afirmou.

No comunicado, o vice-presidente do Facebook, Guy Rosen, congratulou-se também com a iniciativa.

“Para combater o antissemitismo e a ignorância acerca do Holocausto é importante que as pessoas aprendam sobre os acontecimentos que levaram ao genocídio de um terço dos judeus. Estamos orgulhosos por trabalhar em parceria com a UNESCO e com WJC. Estamos desejosos de continuar com a parceria para combater o ódio e a intolerância e para encorajar a compreensão e o respeito por todas as pessoas”, sublinhou Rosen.

Para combater o antissemitismo e a negação do Holocausto, a UNESCO também tem mobilizado governos, tendo anunciado terça-feira que o Canadá se juntou à lista de países que estão a investir no Programa Global da agência da ONU para promover a educação sobre o Holocausto como uma ferramenta para prevenir um genocídio futuro, criado com o Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, com uma contribuição de 1,6 milhões de dólares (1,3 milhões de euros).

“Vamos unir-nos à UNESCO para priorizar o combate ao antissemitismo e à educação para a prevenção do genocídio”, disse Irwin Cotler, enviado especial do Canadá para a Preservação da Lembrança do Holocausto e do Combate ao Antissemitismo.

A UNESCO saudou também a exposição, em Paris, do fotógrafo Luigi Toscano “Lest We Forget” — “para que não esqueçamos” é uma frase comummente usada em para lembrar as guerras e ocasiões comemorativas nos países anglófonos –, com os retratos de mais de 200 sobreviventes da perseguição nazi.

O regime foi imposto, a partir de 1933, com a ascensão, com o apoio das elites alemãs, de Adolf Hitler ao poder na Alemanha, e que gradualmente estabeleceu um regime unipartidário e totalitário, onde judeus, opositores políticos e outros elementos vistos como “indesejáveis” eram marginalizados, escravizados, presos e assassinados.

A exposição de Luigi Toscano ficará em cartaz até 12 de fevereiro e constitui a maior instalação do projeto no mundo, já vista por mais de um milhão de visitantes.

Texto: Agência Lusa
Compartilhar
Exit mobile version