O advogado de “Zenu” dos Santos, que está a ser julgado pela alegada transferência irregular de 500 milhões de dólares, responsabilizou o Banco Nacional de Angola (BNA) pelo ilícito e afirmou que a investigação ignorou pistas sobre a instituição.
Na primeira sessão do julgamento, o advogado António Gentil Simão, defensor oficioso do filho do ex-Presidente José Eduardo dos Santos contestou as acusações de tráfico de influência, burla por defraudação e branqueamento de capitais imputadas a José Filomeno “Zenu” dos Santos, apontando baterias ao ex-governador do BNA e aos “lobos com pele de cordeiro” que se aproveitaram da “ingenuidade angolana”.
Na contestação, António Gentil Simão afirmou que “Zenu” dos Santos, à data presidente do Fundo Soberano de Angola, foi abordado pelo empresário Jorge Gaudens, arguido no processo, para lhe apresentar uma proposta de um sindicato bancário, tendo solicitado uma audiência ao titular do poder executivo – na altura o seu pai, José Eduardo dos Santos – para a constituição de um fundo estratégico destinado a angariar recursos financeiros para capitalizar a economia angolana.
Em 2017, foi enviada uma missão a Lisboa para um encontro com os promotores do
sindicato bancário, que incluía o ex-governador do BNA, Walter Filipe, outro
co-arguido, o próprio “Zenu” dos Santos e o ex-ministro das Finanças Archer
Mangueira, que acabou por não se concretizar por falta de comparência dos
promotores.
Segundo a defesa de Filomeno dos Santos, desconfiado da “pouca credibilidade”
do projecto, o antigo responsável da pasta das Finanças terá sugerido ao
Presidente da República a assinatura de um memorando de entendimento, que não
chegou a ser efectuado por Walter Filipe, que passou a liderar o processo.
António Gentil Simão afirmou que “Zenu” dos Santos esteve sempre à margem das
decisões relativas ao processo que culminou na transferência de 500 milhões de
dólares (452 milhões de euros) para um banco britânico, a mando de Walter
Filipe.
Embora reconheça que o filho do antigo Presidente esteve presente em
determinados encontros e tinha uma relação de amizade com Jorge Gaudens, o
advogado disse que não está provado a sua participação numa teia internacional
de branqueamento de capitais, que visava, alegadamente, extorquir o Estado
angolano, nem foi sócio ou representante das empresas a quem o BNA transferiu
fundos e pagamentos suspeito.
Fonte: Lusa/Angonoticias
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