Em 15 dias Benguela registou mais de 700 casos de conjuntivite viral

Em declarações à Angop, o coordenador provincial do grupo de luta contra o surto, oftalmologista Júlio Abreu, disse que, só nas últimas 24 horas, foram diagnosticados mais 95 casos de conjuntivite viral no referido hospital, o que representa um grande desafio para as autoridades sanitárias que procuram soluções para travar o surto.

Nesta conformidade, cerca de 40 técnicos provenientes de diversos centros de saúde e dos 10 hospitais municipais estão a participar, hoje, numa acção de refrescamento para criação de um protocolo de manuseamento e protecção de doentes com conjuntivite viral.

Para si, a acção formativa vai possibilitar aos pacientes encontrar outros pontos de atendimento, descongestionando o Hospital Geral, que tem uma única sala de espera para os doentes e familiares, apesar da multiplicidade de áreas de atendimento.

“Tendo em conta os níveis de contágio, queremos evitar aglomerados de pessoas num único espaço, pois, muitas delas já padecem de outras patologias”, enfatizou.

Júlio Abreu referiu que a ideia é cortar os focos a nível da periferia, porque a maior parte dos pacientes vem dos arredores da cidade de Benguela, que são as zonas com saneamento básico precário e onde se regista mais poeira.

O especialista, afecto ao Centro Internacional Oftalmológico de Benguela, admitiu, por outro lado, registar-se escassez de fármacos para acudir a situação, que considera de emergência.

Afirmou que, em função da realidade local, estão a passar receitas e recomendações aos pacientes sobre como lidar com a doença, até porque estes fármacos não fazem parte das necessidades básicas dos hospitais.

Os principais sintomas da doença, reafirmou, são edema palpebral, inchaços dos olhos, olhos vermelhados, lacrimejo, sensação de areia nos olhos e de corpo estranho, que resulta em secreções (ramelas).

Explicou que a conjuntivite viral tem um período de incubação de 7 a 14 dias. Depois deste tempo, o vírus desaparece, mas há outros sintomas associados, por isso torna-se necessário dar sequências ao tratamento para se ter uma cura efectiva.

Entretanto, a cidadã Rosa Quiala disse à Angop que padece da enfermidade há duas semanas, mas que só nesta segunda-feira decidiu procurar os serviços médicos.

Questionada sobre como tem combatido a doença, afirmou que costuma lavar os olhos com água fresca, por aconselhamento de terceiros, mas até aqui não registou melhorias.

De igual forma, Joana Fernando, 28 anos de idade, escudou-se em hábitos costumeiros, ao afirmar que algumas pessoas próximas lhe aconselharam a tratar-se com urina e água fresca, mas sem sinais de melhoria cinco dias depois do surgimento da doença.

“Só quero pedir favor a quem de direito que nos ajude ao menos com gotas para aplicar em casa, pois, está difícil enfrentar a doença”, desabafou.

O médico Júlio Abreu aconselhou, como medidas gerais, a higienização do glóbulo ocular, lavar sempre as mãos com água e sabão após fazer o tratamento e usar compressas frias sobre os olhos.

Texto: Fonte Angop
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