Etona sugere redefinição das políticas culturais

O secretário-geral da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), António Tomás Ana “Etona”, sugeriu a redefinição das políticas ligadas à cultura, de forma a permitir a criação de bases concretas que desenvolvam, valorizem e garantam maior dignidade aos criadores.

Em declarações, à Angop, Etona afirmou que o Executivo precisa de redefinir as linhas orientadoras da cultura, melhorando as políticas económicas, intelectuais, estruturais e materiais do sector.
O secretário-geral da UNAP lembrou que a cultura evidencia a génese de um povo, “mas, hoje, temos um povo desestruturado culturalmente, que absorve outras culturas e pouco sabe da sua”. O artista afirmou que o criador não pode depender de outras pessoas para desenvolver a arte, mas sim do trabalho e das criações.
Etona referiu que um bom artista não precisa de “mendigar ou implorar para vender as obras”, o que precisa é que sejam criadas condições de trabalho e políticas, para desenvolver a actividade, aspecto que está em falta.
O escultor apontou, também, a religião como um dos factores que choca com a cultura em Angola, visto que, muitas vezes, há incompreensão na leitura das peças e muitas delas são rotuladas como obras obscenas ou imorais, para não dizer mesmo satânicas.
Segundo o artista, para que se tenha uma cultura forte, que resgate a riqueza histórica do país, é necessário que as autoridades definam o papel das igrejas e o da arte dentro da sociedade.
Lamentou o facto de não existirem “ateliers de facto” em Luanda, pois qualquer espaço é chamado “atelier”, além de não ser fácil encontrar uma oficina.
“O que existe são espaços onde as pessoas se vão desenvencilhando. Temos muitos elementos que trabalham nas cozinhas, salas e varandas e chamamos esses locais atelier. Essa situação não dignifica o artista”, referiu.
Apontou o facto de os fazedores de arte estarem sem mercado, por não conseguirem vender as obras, o que torna difícil a manutenção das oficinas colectivas.
Etona denunciou o facto de alguns cidadãos, angolanos e estrangeiros, comprarem as criações e revenderem-nas, outros controlarem 10 a 20 artistas, que se submetem às decisões destes supostos agentes, para venderem as peças.
O secretário-geral da UNAP lamentou, também, a insuficiência de espaços para que os alunos do ensino médio e superior de artes possam ter aulas teóricas e práticas.
A UNAP, fundada em Outubro de 1977, é uma instituição não-governamental angolana, sem fins lucrativos e de natureza cultural, que trabalha em prol das artes plásticas.

Fornal de Angola

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