Vozes femininas nacionais ainda são pouco visíveis

As vozes femininas ainda continuam a ter poucas oportunidades de vincar no mercado nacional e uma das provas tem sido o número de mulheres participantes e vencedoras de concursos de música de renome, como o Top dos Mais Queridos, da Rádio Nacional de Angola (RNA).

C//Jornal de Angola

Embora seja o voto do público a decidir quem é seleccionado, o facto de ainda ser muito reduzido o número de mulheres escolhidas entre os favoritos de cada edição do concurso mostra que a produção feminina tem tido pouca atenção das pessoas.

Até hoje a galeria de vencedoras do Top dos Mais Queridos é composto por Patrícia Faria (2003), Yola Semedo (2010) e Ary (2014 e 2016). Com três edições ganhas em 1982, Pedrito continua a ser o recordista, por ter repetido o feito em 1984 e 1986. Depois surgem nomes como Jacinto Tchipa, que venceu em 1988 e 1989, Matias Damásio (2007 e 2013) e Ary (2014 e 2016).
Os números continuam em desfavor para as vozes femininas, que há 16 anos, desde a primeira consagração, de Patrícia Faria, com o tema “Pacheco”, apenas mais duas conseguiram tal feito, num concurso dominado pelas vozes masculinas, cuja última edição (2018) foi conquistada pelo cantor Kyaku Kyadaff, com “Mónica”.
Em 2003, a cantora Patrícia Faria, com o tema “Pacheco” do disco “Eme Kiá”, conseguiu vencer os músicos Bessa Teixeira e Sabino Henda. En-quanto que em 2010, Yola Semedo, com “Injusta”, de Matias Damásio, venceu a concorrência Ary e os Ir-mãos Almeida.
Curiosamente a edição de 2010 foi a que teve mais vozes femininas a disputarem o prémio máximo e quatro delas apuradas para a final, nomeadamente Ary, com “Vai dar bum”, Yola Semedo, com “Injusta” (vencedora), Própria Lixa, com “Sabaló”, e Gizela Silva, com “Vou Xinguilar”.

Popularidade
Ary, carinhosamente tratada pelo público por Diva, está a uma edição para igualar os feitos do cantor Pedrito entre os “recordista do Top”, com três consagrações. O carisma e a simplicidade com que se relaciona com os fãs, dentro e fora do palco, fazem dela uma das mais “queridas” do público.
Autora de vários sucessos, com destaque para “Como Te Sentes Tu”, “Patrão”, e “Betinho”, viu a sua primeira consagração acontecer no ano de 2014, feito conquistado com o tema “Paga que Paga”. Dois anos depois, a cantora voltou a repetir a proeza, com o tema “Papá Fugiu”, de Baló Januário. Actualmente é a cantora com mais participações no concurso da RNA, com o total de dez, todas consecutivas.

Missão árdua
Anna Joyce, com a canção “Destino”, é a única voz feminina entre os dez finalistas do Top dos Mais Queridos, da Rádio Nacional de Angola (RNA), edição 2019, cuja gala de consagração acontece dia 26, às 21h00, no Centro de Conferência de Belas, em Luanda, e tem a difícil missão de representar a classe feminina nacional.
A disputa este ano é com os músicos Bessa Teixeira (com “Polumbutão”), Rui Orlando (“Me Leva Contigo”), Gerilson Insrael (“Casa Comigo”), Preto Show (“Pedra”), Halison Paixão (“Alma Gémea”), Jojó Goveia (“Recado”), Puto Português (“Paciência”), Yannick Afroman (“Bakongo”) e Cef (“É só Orar”).
Esta edição do concurso vai homenagear o cancioneiro angolano, com o tema “Cantares da Terra”, como forma de valorizar as diferentes línguas nacionais do país, no âmbito da promoção das línguas maternas e da música tradicional.
O Top dos Mais Queridos é um concurso realizado anualmente pela Rádio Nacional de Angola para a escolha da música mais ouvida, por meio de votos do público. O objectivo é prestigiar os músicos que se destacaram ao longo do ano.

Um concurso criado para o público

O Top é um concurso de música angolana, criado para premiar intérpretes musicais da preferência dos ouvintes da Rádio Nacional de Angola.
A ideia do projecto é reconhecer e valorizar a arte e a popularidade das canções produzidas durante um determinado ano, contribuir para a criação de uma matriz tipicamente angolana nos diferentes géneros e motivar os artistas a aprofundarem as aptidões, dentro do espírito de competição saudável.
Este ano o prémio está avaliado em dois milhões de kwanzas, para o vencedor. O segundo classificado fica com um milhão de kz, enquanto o terceiro recebe 800 mil kz. Os valores podem ser convertidos em bens materiais de valor igual ou superior ao estipulado.
O prémio da crítica está avaliado em um milhão e 500 mil kwanzas. Para além destes valores, cada finalista vai receber 200 mil kwanzas pela sua eleição e participação na gala do concurso.
Com base no regulamento, os 10 finalistas devem assumir o compromisso por escrito de que estarão presentes na referida gala e podem também participar no prémio da crítica desde que não tenham um single produzido.

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