Sonangol prevê na reestruturação apenas saídas voluntárias

A Sonangol negou hoje que o processo de reestruturação em curso na petrolífera estatal angolana envolva despedimentos, garantindo que haverá apenas saídas voluntárias, disse um responsável da empresa.

Segundo o diretor de comunicação e imagem, Dionísio Rocha, “é totalmente falsa a informação de que a Sonangol está a preparar-se para despedir colaboradores”, embora possam existir casos de reforma antecipada, por mútuo acordo.

O responsável não revelou, no entanto, se já houve pedidos de reforma antecipada.

Dionísio Rocha confirmou a disponibilidade da Sonangol adquirir a participação de 25% da operadora brasileira Oi na angolana Unitel, que tinha sido avançada pelo semanário Expresso.

“Estamos a equacionar a hipótese de ficar com a participação da PT Ventures [empresa controlada pela Oi], mas tudo depende da decisão do tribunal de Paris”, afirmou o diretor de comunicação, indicando que o valor estimado da aquisição “deverá ser o do mercado”.

O Tribunal de Comércio de Paris condenou os acionistas angolanos da Unitel a pagarem à Oi mais de 600 milhões de euros por violações do acordo acionista e deu como provado que foram realizadas “transações em benefício próprio”.

A Unitel conta como acionistas com as empresas Oi (PT Ventures), a MSTelecom (Sonangol), a Vidatel (Isabel dos Santos) e a Geni (do general Dino), todas com participações de 25%.

Questionado sobre como seria financiada a operação de aquisição, Dionísio Rocha disse apenas que a “Sonangol está a financiar-se na banca internacional”, sem dar mais esclarecimentos.

O responsável da comunicação escusou-se também a comentar se a Sonangol interpôs ou pretende avançar com alguma ação legal contra Isabel dos Santos, a filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que viu recentemente as suas contas bancárias e participações sociais em nove empresas angolanas, entre as quais a Unitel, serem alvo de arresto preventivo.

A empresária, o seu marido, Sindika Dokolo, e o gestor português Mário Leite da Silva, foram visados numa decisão do Tribunal Provincial de Luanda, datada de 23 de dezembro, que decretou o arresto a pedido do Serviço Nacional de Recuperação de Ativos.

De acordo com um comunicado divulgado pela Procuradoria Geral da República em 30 de dezembro, os três celebraram negócios que lesaram o Estado angolano em mais de mil milhões de euros, através da Sodiam, empresa pública angolana de venda de diamantes, e da Sonangol.

A petrolífera angolana tem em curso um programa de regeneração, apresentado em 15 de novembro de 2018, que vai custar 40 milhões de euros e será implementado em três anos, perspetivando tornar o grupo estatal mais rentável e competitivo.

A Sonangol prevê também a alienação de um conjunto de ativos que detém nos setores das finanças, telecomunicações, imobiliário, indústria, entre outros.

No âmbito do Programa de Privatizações (ProPriv) que lista 195 empresas públicas para privatizar até 2022, a Sonangol deve alienar cerca de 70 ativos, sendo que pelo menos 50 estão sob o controlo direto da administração da petrolífera.

RCR // LFS

Lusa/Fim

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