Filipe Zau: a corrupção provocou a perda da identidade do MPLA

Numa entrevista ao jornal Expansão, Zau observa que o país atingiu um nível tão elevado de corrupção, que fosse quem fosse “tinha de tomar uma medida no sentido de inverter o quadro”. Diz que havia comportamentos exagerados e de ostentação, “em que pessoas exibiam tudo e mais alguma coisa, quando na verdade eram dinheiros públicos”.

O académico, que elogia o actual clima de abertura, afirma que o exercício da cidadania é mais presente, revelando que há dois anos tinha dificuldades de dizer o que diz agora, “sob pena de ser conotado e mal interpretado como análise crítica e destrutiva.”

Ligado ao ensino há cerca de 50 anos, Filipe Zau declara que o MPLA perdeu a identidade que os capitalistas actuais juraram manter quando Agostinho Neto morreu. Sublinha, contudo, que poderiam desviar-se do padrão, mas evitar a generalização da corrupção e a ostentação de bens adquiridos de forma obscura. “ Estou preocupado com a extrema pobreza em Angola. Não espero que os meus filhos e os meus netos herdem prejuízos com dívidas incalculáveis”, lamenta o estudioso.

Crítico da entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI), o reitor universitário argumenta que as exigências da entidade comprometem o investimento público necessário para estimular o mercado e que o dinheiro emprestado não vai resolver nada que se reflicta no bem-estar dos angolanos.

Redacção Mukanda
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