Flow em alemão agitou Sambizanga

O Distrito Urbano do Sambizanga foi o escolhido para o último concerto da tournée africana do rapper alemão, Musa. Na passada quinta-feira no Largo das Escolas do Armazém na rua 12 de Julho, Musa e a Dj Sarah Shakir agitaram o público com músicas do seu reportório como; “Dribble”, “Gott sei dank”, “splitter”, “Kein Weg zuruck”, “Lang lebe Afrika”, “Jesse Owens”, “Oyoyo” e “Nach Hause”. A prata da casa esteve representada pelo grupo Quebrada 42 e o rapper Explosivo Mental, que partilharam o palco com o artista de Berlim.

Musa subiu ao palco às 18-30 e emocionou-se com a vibração que encontrou. Os seus temas são cantados em alemão, o que é raro encontrar. Foi explicando a temática das suas músicas que abordam o facto de ser um africano nascido na Alemanha, as questões raciais, os problemas sociais e pessoais, como a vivência num bairro suburbano de Berlim, capital alemã.

Entre o público, maioritariamente munícipes do Sambizanga, destacavam-se os artistas plásticos (de Angola, Cabo- Verde e Moçambique) que estão na residência artista Luaanda, uma proposta do Colectivo Pés Descalços e Geração 80.

Depois do concerto a festa continuou com vários sucessos que animam apreciadores de Rap e Kuduro, o alemão encorajou os jovens a não desistirem dos seus sonhos e fez um paralelo entre a realidade que encontrou no Sambizanga com a da terra dos seus pais, Serra Leoa, que teve uma guerra civil.

Musa elogiou o jovem Sacerdot, um artista originário do Sambizanga, que começa a emergir no panorama internacional, que montou um estúdio no seu bairro e um centro de educação artística para crianças.

Musa e Sarah Shakir dias antes do concerto proporcionaram duas palestras. O artista reuniu com membros do movimento hip-hop do Sambizanga e de outras partes da cidade e abordou não apenas a questão da escrita criativa, inicialmente agendada, mas abordou aspectos do envolvimento da arte no activismo social, a indústria do entretenimento e reconheceu que muito com os rappers angolanos aprendeu muito. Já Shakir falou da gestão de carreira e de mecanismos de divulgação do trabalho de artistas, a jovem de origem iraquiana percebeu o quão atípico é o cenário local, com uma forte carga política de acordo com os subsídios dos participantes dentre produtores, jornalistas, músicos e outros elementos que na terça-feira participaram no Palácio de Ferro

Musa e Sarah Shakir estiveram a convite do Goethe-Institut Angola que teve a parceria da produtora Dizkuduro, do activista e empreendedor cultural, Sacerdot. Com o Goethe International o Ouagadougou (Burkina Faso), Harare (Zimbabwe) e Windhoek (Namíbia) mas os artistas que reconhecem que a melhor experiência aconteceu em Luanda.

Musa vem de um meio cosmopolitas de muitos artistas germânicos de Hip hop, que combinam sons contemporâneos com mensagens significativas. Musa é filho de pais da Serra-Leoa, nasceu e cresceu em Berlim até aos 12 anos. Viveu nos Estados Unidos da América, Serra Leoa e Guiné antes de regressar á Berlim.

O artista deu os primeiros passos musicais com Megaloh, rapper germânico de origem nigeriana e mais tarde com o DJ e produtor ganense, Stallion e formaram em 2017, o trio BSMG de “Black Super Man Gang”. Desde o ano passado, Sarah Shakir tem feito o agenciamento de Musa e fundou a produtora Aimed que trabalha não apenas com artistas alemães como Dalee, mas com internacionais, Rookley (Itália) e Zekt (Haway).

A dupla pretende contar a parceria com artistas angolanos que ficou cimentada com a gravação de dois temas e a possibilidade de agenciar e divulgar os trabalhos de músicos angolanos e parcerias com outros elementos ligados à música.

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