Ministro diz que Portugal sabe “o que deve a Angola”

Os dois diplomatas perspectivam o fortalecimento das relações económicas com o foco na Agricultura

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse ontem que Portugal sabe “o que deve a Angola” e comparou o momento de crise que vive o país africano com o que se viveu anteriormente em Portugal.

“Conhecemos as dificuldades económicas e sociais por que passa Angola e quando olhamos, a primeira coisa que fazemos, é não nos esquecer da nossa própria crise”, disse o governante, citado pela Lusa, destacando o apoio dado por Angola naquele período.

Augusto Santos Silva, que falava em Luanda, antes de um encontro com o seu homólogo angolano, realçou que uma das qualidades essenciais da política externa é a memória.

O ministro português lembrou que muitas das empresas que perderam mercado em Portugal, devido à crise económica, encontraram em Angola alternativas, o mesmo acontecendo com muitos portugueses que perderam o emprego.

“Essas memórias são importantes: saber o que devemos a Angola e poder dizer a Angola: olhem para nós, passámos dificuldades ainda maiores e superámo-las”, frisou. O chefe da diplomacia portuguesa notou ainda que, em nenhum momento, apesar de algumas oscilações, as trocas comerciais entre os dois países deixaram de ser fortes, salientando que as exportações portuguesas para Angola caíram, devido à baixa da procura, mas as exportações de Angola para Portugal “aumentaram bastante” no primeiro semestre deste ano.

Angola é hoje um fornecedor de petróleo mais importante do que a própria Arábia Saudita, enfatizou, referindo que a relação comercial entre os dois países é atualmente “menos assimétrica” e que relações equilibradas “são mais duradouras”.

O ministro apontou também um reequilíbrio no investimento, indicando que as autoridades públicas portuguesas estão a apoiar as angolanas no desenho técnico do programa de privatizações, lançado pelo Presidente da República João Lourenço, bem como em áreas financeiras, fiscais e da administração eleitoral, um “alargamento da cooperação” que torna mais rica a agenda bilateral.

Excelência nas relações

Angola deseja que as relações económicas com Portugal sejam excelentes, tal como nos domínios político e diplomático, afirmou ontem o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto.

Manuel Augusto falava ontem à imprensa, em Luanda, momentos depois de uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva. “Podemos dizer que as nossas relações políticas são excelentes, de forma que a nossa cooperação económica, técnica e científica chegue também a este patamar”, disse.

O ministro das Relações Exteriores informou que na reunião com o homólogo português foi avaliada a cooperação entre os dois países nos domínios político, económico e diplomático.

“O balanço é muito positivo”, disse, salientando que há necessidade de fortalecer as relações económicas entre os dois países nos domínios da Agricultura e diversificação da economia.

Manuel Augusto espera a participação dos portugueses no processo de privatização de várias empresas em Angola. “Estamos a trabalhar muito na formação de quadros, no apoio à Agricultura”, disse o ministro.

Lusa

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