União dos Escritores Angolanos homenageia Ernesto Lara Filho

Ernesto Lara Filho

Ernesto Lara Filho, nasceu em Benguela, a 2 de Novembro de 1932 e faleceu a 7 de Fevereiro de 1977, no Huambo em consequência de um trágico acidente de automóvel.

Conhecido como um dos maiores cronistas da história do jornalismo angolano, Ernesto Pires Barreto de Lara Filho foi, nesta quarta-feira, em Luanda, recordado na União dos Escritores Angolanos (UEA), no habitual Maka a quarta-feira.

Durante o evento, Arlindo Leitão, seu contemporâneo, relembrou, com nostalgia, os momentos inesquecíveis passados com Ernesto Lara Filho, na província de Benguela, sublinhando a sua reverência como jornalista, poeta e cidadão preocupado com a liberdade do povo angolano.

“O Ernesto também gostava de futebol, era benfiquista e do Mambroa FC, mas consegui em 1974 leva-lo ao Ferrovia, onde fez alguns treinos”, referiu.

Arlindo Leitão aproveitou ainda o momento para mostrar aos presentes um dos últimos poemas de Ernesto, onde faz menção aos amigos daquele tempo, bem como a troca da moeda portuguesa pelo Kwanzas.

Para o escritor Manuel Rui Monteiro, a poesia de Ernesto tem uma ligação temática com os poemas de Agostinho Neto e António Jacinto, considerando-a substantivamente com pouca metáfora, aproximando a palavra a dança. 

Embora não o tenha conhecido com maior profundidade, Pedro de Alburquerque, filho de Alda Lara, conta que recorda vagamente da ajuda que o seu tio deu a sua mãe no momento de formação em Portugal.

“A maioria das coisas que sei sobre o meu tio foi por intermédio das pessoas que conviveram com ele”, referiu.

Ao intervir no momento, Paulo Lara, também sobrinho, falou sobre a pretensão de se publicar dois documentos importantes, nomeadamente uma correspondência de Ernesto Lara Filho enviada a Lúcio Lara, onde focava questões sociais vividas na época, bem como o diário escrito no Huambo (Antiga Nova Lisboa). 

Para Lopito Feijó, Ernesto Lara Filho é uma figura controversa que marcou a sua época, procurando afirmar a sua angolanidade por via da sua pena literária e jornalística, fundamentalmente pelas suas poesias muito coloquial e com um conteúdo muito profundo.    

Poeta co-fundador da União dos Escritores Angolanos, escreveu os seguintes títulos: Picada de Marimbondo (1961), O Canto de Martrindinde e Outros Poemas Feitos no Puto (1964), Seripipi na Gaiola (1970), O Canto de Martrindinde (compilação das três obras anteriores, 1974).

As suas crónicas jornalísticas foram compiladas em 1990 sob o título Crónicas da Roda Gigante.   

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