Acaba de lançar os livros – “O Menino que Sonhava” e “Em Busca do Mar”. Escolhe a literatura infanto-juvenil porque prefere o registo da fábula ou porque é este o leitor que mais o desafia?
Tenho um prazer enorme em escrever para os mais novos pois obriga-me a um cuidado redobrado com as palavras e temas e permite-me viajar para um mundo imaginário de infindáveis opções. No “Em Busca do Mar” há, sem dúvida, um uso da fábula para aproximar as pessoas dos animais, onde o texto dita as regras, enquanto em “O Menino Que Sonhava” há um entrelaçado poético entre o texto e a fantasia, facto que em si ajuda a libertar a imaginação dos leitores, pequenos e mais crescidos, pois a imaginação não tem idade.
Com que sonha, ou sonhava, este menino?
“O Menino Que Sonhava” é uma viagem rápida e conturbada que tem como base a fértil imaginação de um menino que teimava em sonhar diferente. Escrito em poesia e com ilustrações fascinantes que criam a ilusão de um sonho que pode nunca culminar. É um festival de reconhecimento da existência de crianças especiais e uma indicação aos adultos de que os sonhos não têm fronteiras, não há certo nem errado, há simplesmente fantasia. Uma fantasia que pode tornar-se realidade.
No livro “Em Busca do Mar” volta a estar presente o ambientalista como autor?
“Em busca do mar” é uma aventura mágica de dois meninos do interior de Angola que, guiados pela sua aguçada curiosidade, percorrem as curvas e contracurvas do mais longo rio de Angola, da tímida nascente à foz macia, na busca incessante de conhecer o mar e compreender o funcionamento natural do ciclo da água. É no ciclo da água e nos animais que compõem a história que a veia de ambientalista se mescla com a de escritor. Mas não é só ambiente, é também cultura, história, energia e um reconhecimento da importância do majestoso Kwanza.
Escreveu os dois livros em simultâneo ou o lançamento é que ocorre em simultâneo?
O lançamento é que ocorre em simultâneo. “Em Busca do Mar” foi escrito em 2017 e obteve uma Menção Honrosa no Prémio Matilde Rosa Araújo e “O Menino Que Sonhava” foi escrito em 2016, como prenda de aniversário para o meu filho, Kiary.
Não é a primeira vez que publica. As dificuldades foram as mesmas que enfrentou em 2013 e 2020 ou surgiram novas?
As dificuldades são as mesmas. Primeiro, é preciso o acreditar de uma editora, pois a literatura infantil é pouco divulgada e apoiada. Depois, há um longo trabalho de ilustração que é deveras importante para a literatura infanto-juvenil e, finalmente, esperar que a editora consiga reunir os recursos necessários para a impressão das obras. Digamos que as dificuldades estão mais no processo de produção da obra enquanto livro, do que na conversão das ideias em texto, cuja responsabilidade é do autor.
Estes livros tiveram patrocinadores ou são uma aposta sua e da editora?
Foi uma aposta minha e da Editora Mayamba, com a qual já colaboro há muitos anos.
Há fomento da literatura em Angola?
Tem havido algumas iniciativas públicas e privadas que por meio de concursos vão dando alguma oportunidade aos novos escritores. Há também alguns movimentos literários e iniciativas de grupos juvenis que têm um papel importante no fomento da literatura. A aplicação da Lei do Mecenato deve ser facilitada para permitir que o sector privado possa apoiar mais este sector.
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