Banco Económico prepara recapitalização para cumprir recomendação do BNA

O Banco Económico está a preparar um aumento de capital, que deverá ser realizado no primeiro semestre de 2020 para cumprir as recomendações do Banco Nacional de Angola (BNA), informou em comunicado a instituição.

O banco central angolano concluiu após um exercício de avaliação da qualidade dos ativos, que incidiu sobre 13 bancos a operar em Angola, que representavam 92,8% do total de ativos, que o sistema bancário angolano é “globalmente robusto”, mas apontou necessidades de recapitalização ao Banco de Poupança e Crédito (BPC) e ao Banco Económico (BE).

O BE garantiu a conformidade com as recomendações do regulador, prometendo realizar, até junho de 2020, o aumento de capital aprovado na assembleia geral de acionistas realizada em agosto do ano passado, para assegurar a sustentabilidade do banco a médio e longo prazo.

“O Banco Económico, em conjunto com os seus acionistas, dará cumprimento às deliberações emitidas pelo BNA no quadro do exercício de avaliação da qualidade dos ativos [AQA] das principais instituições financeiras angolanas”, referiu o banco numa nota divulgada na segunda-feira.

Na assembleia geral do BE (anterior Banco Espírito Santo Angola) foi deliberada a necessidade de recapitalização superior à confirmada nos resultados da AQA, o que “vai permitir acomodar os desvios de imparidade identificados”, adianta o banco liderado pelo antigo ministro angolano da Economia e Planeamento, Pedro Luís da Fonseca.

A agência Lusa contactou hoje o BPC para saber como iria satisfazer as exigências do regulador, mas não foi possível obter um comentário até ao momento.

O BPC tem por acionistas o Estado, representado pelo Ministério das Finanças (75%), Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (10%).

O antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA) foi renomeado como Banco Económico depois da falência da casa-mãe em Portugal, o Banco Espírito Santo (BES).

Em agosto do ano passado, a imprensa angolana noticiou que a nova estrutura acionista do BE, controlado pela Sonangol (que assumiu a participação da Lektron no início desse mês, passando a deter 70,37%) e que conta também com participações do português Novo Banco (9%) e da Geni (19,9%), decidiu um reforço de capital superior a 400 mil milhões de kwanzas, um nível histórico para a banca angolana.

A anterior estrutura acionista era constituída pela Lektron Capital (30,98%), Geni Novas Tecnologias (19,9%), Sonangol EP (16%), Sonangol Vida SA (16%), Novo Banco SA (9,72%) e Sonangol Holding Lda (7,4%).

A Geni e a Lektron Capital beneficiaram de financiamentos do Estado, através da Sonangol, para a aquisição de participações sociais no BE, segundo um levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Recuperação de Ativos da Procuradoria-Geral da República (PGR).

De acordo com uma nota da PGR em junho, a Geni, empresa pertencente ao general Leopoldino “Dino” Fragoso do Nascimento, consultor do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, celebrou um contrato em kwanzas equivalente a 53,2 milhões de dólares (47,1 milhões de euros), dos quais pagou apenas 23,6 milhões de dólares (20,9 milhões de euros), faltando cumprir 29,5 milhões de dólares (26,1 milhões de euros).

Já a Lektron Capital, empresa pertencente a Manuel Domingos Vicente, antigo vice-Presidente de Angola e atualmente deputado à Assembleia Nacional, e Manuel Hélder Vieira Dias Júnior, ex-ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, beneficiou de 125 milhões de dólares (110,7 milhões de euros), para aquisição de ações no antigo BESA.

No mesmo documento, a PGR informou que a empresa Lektron entregou de forma voluntária as participações sociais ao Estado, enquanto a Geni assumiu o compromisso de proceder ao pagamento da dívida.

O BES perdeu o controlo do BESA em julho de 2014, quando o Estado angolano anunciou a tomada do controlo da instituição financeira e a injeção de um capital de 3.000 milhões de dólares (2.610 milhões de euros), mas acabou por ser declarado insolvente em 14 de outubro de 2014.

Na altura, tinha 34 agências e como principais acionistas a Sonangol, com cerca de 35%, a empresa angolana Portmil (24%), o grupo Geni (18,99%) e o português Novo Banco (9,9%).

O BE conta hoje com uma rede de 62 balcões e postos e 11 centros de empresas.

RCR // LFS

Lusa/fim

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