Pandemia traz oportunidades no sector dos seguros – PCA DA ENSA

Com a seguradora a voltar aos resultados positivos no primeiro semestre do ano, em que obteve um resultado líquido de 1,6 mil milhões de kwanzas (9,1 milhões de euros) e a um passo da privatização, Carlos Duarte destacou que, apesar de alguma retracção devido ao confinamento imposto pela pandemia de covid-19, as receitas aumentaram mais de 30%.

“Todo este período ficou marcado pela pandemia de covid e, talvez por isso, as pessoas recorreram mais ao seguro de saúde, que representa cerca de 42% da nossa carteira, o que pode ajudar a explicar os resultados positivos”, afirmou, em entrevista à Lusa.

Mas não é o único factor que justificou um aumento de 32% em volume de prémios, muito focado nos acidentes de trabalho, saúde e ramo automóvel.

Para Carlos Duarte, o processo de saneamento financeiro, iniciado no ano passado, provoca efeitos a médio prazo, mas faz sentir já “algum impacto a nível das políticas de investimento da empresa e pela desaceleração dos custos administrativos”.

Quanto ao impacto da pandemia de covid-19, se trouxe alguma estagnação a nível de sinistros, pode trazer também oportunidades, como qualquer contexto de crise, apontando como exemplo o desenvolvimento de canais digitais.

Questionado sobre a criação de novos produtos, o responsável da ENSA admite que poderá haver desenvolvimentos: “quando se gere o risco temos de o mitigar, nomeadamente através do recurso ao mercado ressegurador. Naturalmente, estamos expectantes em ver o que está a acontecer”, indicou.

“Começamos a ver que há uma grande preocupação em acrescentar novas coberturas, nomeadamente pandémicas nos seus produtos, é algo que estamos atentos e que certamente vai acontecer, mas não é um movimento imediato”, acrescentou.

O contexto pandémico, continuou, “gera um clima de grande incerteza e as empresas precisam de sinais mais fortes para se posicionarem”, explicou o responsável da ENSA.

A cobertura pandémica já está a ser associada a outros tipos de seguros como os de viagem, que estão a ser comercializados em alguns países, disse o presidente da seguradora de capitais públicos.

Com um mercado segurador “incipiente”, e uma baixa taxa de penetração relativamente a outros países, inferior a 0,5% do PIB, Carlos Duarte vê em Angola “um potencial de crescimento muito grande”, apesar da contracção económica dos últimos anos não ser favorável.

“A matéria segurável não tem aumentado como desejaríamos”, admite.

Destacou, por isso, a importância de ter sido aprovada recentemente legislação que enquadra toda a actividade de seguros e que poderá impulsionar o sector.

“Temos uma lei que requeria uma revisão grande e vai adequar a nossa actividade às boas práticas do sector”, com uma regulamentação específica, referiu ainda, notando que a actividade financeira tende a ser cada vez mais regulada.

Agência Lusa
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