Seguradora paga indemnização de cem milhões à rede Shoprite

O valor da indemnização que a Saham Angola Seguros paga à Shoprite pelo incêndio que, em 2014, destruiu o estabelecimento da rede de supermercados no Palanca, em Luanda, é de 100 milhões de dólares, com os desembolsos já em curso. A revelação foi feita ao Jornal de Angola pelo administradordelegado da seguradora, Phillippe Alliali, num contacto em que adiantou que a apólice da Shoprite beneficia de um resseguro que dá à companhia o conforto financeiro necessário para pagar a indemnização. Resseguro (que os operadores angolanos procuram no mercado internacional pela ausência desses serviços no país) é uma transacção em que um segurador transfere a outra parte ou a totalidade de um risco assumido, cedendo uma fracção da responsabilidade e do prémio recebido. Phillippe Alliali avançou que a Saham Seguros tem em curso desembolsos para cobrirem a indemnização, seguindo um calendário acordado entre as partes envolvidas, contandose bancos, além da seguradora e a rede de supermercados. O administrador-delegado da Saham não revelou, indagado pela nossa reportagem, as conclusões da perícia que, por norma, as seguradoras mandam fazer ou realizam com recursos próprios para decidirem a legitimidade e o valor das indemnizações. A cobertura deste jornal realçava na altura do incêndio, em Julho de 2014, chamas de grandes proporções das quais

não resultaram vítimas humanas, mas que lavraram ao longo de mais de 12 horas até serem extintas, afectando armazéns e o supermercado, onde também estavam instaladas agências do Standard Bank e do Banco Angolano de Investimentos (BAI). Para extinguir o incêndio, foram necessários 14 veículos e 100 operacionais do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros que, ao abandonarem o local, não tinham um laudo sobre as causas da deflagração do fogo. Quando ocorreu o incêndio, a Saham Angola Seguros era detida desde 2013 por capitais marroquinos do Saham Group, no início de um processo de migração da titularidade da companhia de direito angolano que começou por se implantar com capitais sul-africanos do Sanlam Group, em 2005. O controlo da Saham Angola por capitais marroquinos manteve-se entre 2013 e Outubro de 2018, quando, numa operação global cifrada em milhões de dólares, o Sanlam Group adquiriu os capitais do grupo marroquino.

Num estudo efectuado pelas sociedades de consultoria Oxford Economics e Control Risks, denominado Índice de Risco e Retorno 2019, Angola e Moçambique apresentam uma tendência crescente e positiva no retorno ao investimento, apesar de estarem ainda entre os países africanos com maior risco para os investidores. Trata-se do grau de incerteza em relação à rentabilidade de um investimento, onde pode verificar-se retornos abaixo do esperado ou a possibilidade de o investidor perder tudo o que foi investido e, em casos extremos, a perda ultrapassa o valor do investimento. Com o crescente retorno para os investidores, numa avaliação comparada às melhores classificações que recaem para Botswana e Maurícias, Angola obteve 3,78 pontos no que diz respeito à recompensa ao investidor, enquanto Moçambique ficou com uma classificação de 3,72 pontos. Em termos de evolução no fluxo de retorno, Angola levou a melhor com 0,24 pontos face aos 0,69 de Moçambique, sendo importante frisar que só o Zimbabwe obteve uma melhor classificação que Angola neste critério.

Nova designação Phillipe Alliali anunciou que, a partir de Janeiro de 2020, a operação angolana do grupo sul-africano, a Saham Seguros Angola, passa a designar-se Sanlam Angola Seguros, para o que já existe uma autorização institucional publicada em Diário da República. A fonte considera que a mudança de mãos do controlo da Saham Seguros Angola não representa meras transacções, constituindo, antes, a agregação de potencial de conhecimento, conexões e capitais envolvendo, além de Angola, a vocação panafricana do Saham e do Sanlam Group. “Não são apenas transacções: isso implica conexões, contactos e valor”, declarou Phillipe Alliali para definir as operações que levaram a três alterações da estrutura accionista da seguradora de direito angolano, notando que a companhia se tornou capaz de oferecer soluções para clientes angolanos que queiram operar noutras jurisdições. O administradordelegado  reclama para a companhia uma quota de mercado de 22 por cento, a segunda depois da ENSA, mas a primeira entre os operadores de capitais privados do mercado angolano dos seguros. Em 2018, adiantou a fonte, a companhia atingiu um volume de prémios de 21,5 mil milhões de kwanzas, fortemente influenciado pelo desempenho nos ramos saúde, automóvel e incêndios, prevendo, para 2019, um crescimento de cerca de 13 por cento, para 24,3 mil milhões de kwanzas.

Jornal de Angola
Compartilhar